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Não só o que me apetece, mas quando me apetece e sobre o que me apetecer! Tenho dito!... E vou continuar a dizer!
Não consigo dormir. São 04h24 e não consigo de parar de sentir este misto de ansiedade e "azia"....
Ser homossexual não é contranatura: é apenas saciar a pulsão primitiva de busca de prazer, independentemente de sermos mulheres ou homens e de o fazermos junto de outras mulheres ou homens como nós.
Ser transexual não é contranatura: é modificar o corpo para que se coadune ao ser que nos habita, mas que não corresponde ao género sexual com que nascemos.
Contranatura é perder um filho.
Sobreviver-lhe.
Ver ceifada aquela vida:
Contranatura é perder um filho.
Quando ele foi a resposta a um sonho de amor.
Quando o nosso amor se tornou gente e, de repente, nos é roubado, sem ter tido a hipótese, sequer, de chegar à adolescência.
Contranatura é perder um filho.
Quando ele é o nosso maior amor e a única parte de nós que está sempre lá.
Quando ele é a única constante que prevalece, independentemente dos outros amores e desamores que a vida nos apresenta.
Contranatura é perder um filho.
Quando ele também já teve filhos e parte cedo demais, sem os poder ver crescer.
Quando os seus próprios pais ainda estão vivos e ficam para trás, dilacerados por uma dor que palavra alguma um dia conseguirá descrever.
Contranatura é perder um filho.
Não o ver realizar os seus sonhos e projectos.
Encontrar um lugar vazio naquilo que habitou, incluindo dentro de nós.
O meu filho está vivo.
Vivo e respira.
Deitado na minha cama em mais uma das suas investidas nocturnas.
Hoje aprendi uma lição: na vida, tudo passa. Incluindo a própria vida.
Que o meu filho viva e faça as investidas nocturnas que quiser até quando bem entender: será sempre bem vindo.
Que o meu filho seja aquilo que quiser, da maneira que o faça feliz.
Que o meu filho faça aquilo que lhe der mais prazer desde que não se autodestrua.
Que o meu filho cresça e viva muitos anos e que a vida siga o seu curso natural.
Que eu não sobreviva ao meu filho.
Dedico este post à minha amiga Ana Rita Ribeiro, aos meus tios José e Felícia e à Judite Sousa e Pedro Bessa.
Que reencontrem a alegria de viver para que o possam fazer no lugar dos que partiram.
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