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Não só o que me apetece, mas quando me apetece e sobre o que me apetecer! Tenho dito!... E vou continuar a dizer!
Sou muitas vezes acusada de sonhar à pobre.
Isto porque quando falamos de valores de Euromilhões, carros preferidos e temas afins eu respondo coisas do tipo «qualquer valor acima do meio milhão já dava», «gosto da gama dos Fiat 500, do Citroen Cactus»...
Não entendo. Não consigo assimilar o porquê de isto para os outros ser «sonhar à pobre».
Que eu saiba, cada um pode sonhar com o que bem entender.
Porquê sonhar com impossíveis?
É um conceito que entendo - «já que é para sonhar, que seja em grande!!!» - mas com o qual, pessoalmente, não sei lidar por o achar parvo.
A diferença está em que nunca apontei o dedo a ninguém com um «lá estás tu a sonhar à parvo!!!», e isto apesar de já me ter apetecido fazê-lo uma ou outra vez.
Cá em casa, por exemplo, e em relação à família, as coisas passam-se assim:
O Pai sonha:
- Ter um cão;
- Ir ao ginásio todos os dias comigo (não, não vou ao ginásio....);
- Fazermos coisas giras com o Salvador;
- Vivermos mais e «existirmos» menos;
- Não ter de cozinhar por obrigação mas apenas por prazer;
- Eu escrever nos meus blogues todos os dias.
O Filho sonha:
- Fazermos tudo o que ele quer;
- Ter um cão;
- Que todo o nosso tempo livre lhe seja dedicado, de preferência a fazermos coisas giras;
- Ter um mano.
Eu sonho:
- Com quase tudo o que eles sonham (menos fazer tudo o que o Salvador quer, claro está...);
- Ter uma pessoa que me ajude nas lides domésticas;
- Ter mais tempo só para mim, só para mim e para o Pai e tempo para nos divertirmos os três;
- Fazer tudo o que os médicos me dizem para fazer de forma preventiva para garantir a minha qualidade de vida;
- Ter um PC em que as teclas não estejam maradas e eu passe meia hora a procurar e corrigir gralhas a cada vez que escrevo um post;
- Arranjar as unhas todas as semanas (sim, sim, uma verdadeira «cena de gaja»...).
«Ah e tal, só cenas à pobre!!»
Não, não são «cenas à pobre».
São sonhos e desejos de uma família suburbana de classe média-média que sabe sonhar com o que, para uns são migalhas, para outros peanuts e, para nós, quem sabe um dia, coisas boas que nos podem acontecer.
Sonhar à pobre é sonhar ter um tecto.
Dormir num sítio quentinho, numa cama feita de lavado.
Tomar um banho e vestir roupas lavadas.
Comer um bife.
Ou, tão simplesmente, comer.
Sonhar à pobre é ansiar por coisas que o resto do mundo tem por garantido.
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