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Aqui, é o que me apetece!!

Não só o que me apetece, mas quando me apetece e sobre o que me apetecer! Tenho dito!... E vou continuar a dizer!



Segunda-feira, 30.06.14

Contranatura é perder um filho

Não consigo dormir. São 04h24 e não consigo de parar de sentir este misto de ansiedade e "azia"....

 

Ser homossexual não é contranatura: é apenas saciar a pulsão primitiva de busca de prazer, independentemente de sermos mulheres ou homens e de o fazermos junto de outras mulheres ou homens como nós.

 

Ser transexual não é contranatura: é modificar o corpo para que se coadune ao ser que nos habita, mas que não corresponde ao género sexual com que nascemos.

 

Contranatura é perder um filho.

Sobreviver-lhe.

 

Ver ceifada aquela vida: 

  • Que começou em nós;
  • Que cresceu em nós;
  • Que se tornou num pequeno ser fora de nós;
  • Que cresceu e se tornou independente de nós, com sonhos e projectos de vida diferentes dos nossos mas seus.

 

Contranatura é perder um filho.

Quando ele foi a resposta a um sonho de amor.

Quando o nosso amor se tornou gente e, de repente, nos é roubado, sem ter tido a hipótese, sequer, de chegar à adolescência.

 

Contranatura é perder um filho.

Quando ele é o nosso maior amor e a única parte de nós que está sempre lá.

Quando ele é a única constante que prevalece, independentemente dos outros amores e desamores que a vida nos apresenta.

 

Contranatura é perder um filho.

Quando ele também já teve filhos e parte cedo demais, sem os poder ver crescer.

Quando os seus próprios pais ainda estão vivos e ficam para trás, dilacerados por uma dor que palavra alguma um dia conseguirá descrever.

 

Contranatura é perder um filho.

Não o ver realizar os seus sonhos e projectos.

Encontrar um lugar vazio naquilo que habitou, incluindo dentro de nós.

 

O meu filho está vivo.

Vivo e respira.

Deitado na minha cama em mais uma das suas investidas nocturnas.

 

Hoje aprendi uma lição: na vida, tudo passa. Incluindo a própria vida.

 

Que o meu filho viva e faça as investidas nocturnas que quiser até quando bem entender: será sempre bem vindo.

Que o meu filho seja aquilo que quiser, da maneira que o faça feliz.

Que o meu filho faça aquilo que lhe der mais prazer desde que não se autodestrua.

Que o meu filho cresça e viva muitos anos e que a vida siga o seu curso natural.

Que eu não sobreviva ao meu filho.

 

Dedico este post à minha amiga Ana Rita Ribeiro, aos meus tios José e Felícia e à Judite Sousa e Pedro Bessa.

Que reencontrem a alegria de viver para que o possam fazer no lugar dos que partiram.

 

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por Mamã às 04:23


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